Por Douglas Dutra​
[email protected]

Satolep, noite. A magia da música sobrevoava o Laranjal em mais um espetáculo do 11º Festival Sesc de Música. A Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro subiu ao palco em um concerto especial, acompanhada do cantor e compositor pelotense Vitor Ramil.

Pouco antes, no fim da tarde, nuvens carregadas ameaçavam trazer chuva para o Laranjal, mas a leve garoa trouxe apenas um arco-íris sobre a Lagoa dos Patos, enquanto, do outro lado, o sol se punha em tons alaranjados, antecipando o espetáculo que os músicos fariam minutos depois.

A orquestra de 19 músicos, regida pelo maestro Evandro Matté, executou composições dos mais de 40 anos de carreira de Vitor Ramil em arranjo especial para cordas. Entre os clássicos, Ramilonga, Estrela, estrela, Joquim e Loucos de cara emocionaram o público, que compareceu em peso ocupando a faixa de areia na orla da lagoa. Segundo a organização, foram mais de 8 mil pessoas à beira da praia.

Além de músicas de Ramil, a orquestra abriu o concerto com dois clássicos instrumentais brasileiros. Mourão, de Guerra-Peixe, e Ponteio, de Camargo Guarnieri, criaram o clima para os próximos 90 minutos de espetáculo.

Pablo Guastuci, que mora em Curitiba e está de férias no Rio Grande do Sul, aproveitou a visita à cidade para curtir o espetáculo. “Um show bastante emocionante, um Vitor exaltando suas origens ao levantar aplausos de uma plateia energética à beira da lagoa”, descreveu.

Experiência​

O concerto no Laranjal marca o retorno de Vitor Ramil aos palcos de Pelotas após a gravação de "Avenida Angélica", em 2021, no Theatro Sete de Abril vazio e em obras. O álbum com as versões musicadas de poemas da pelotense Angélica Freitas foi lançado no ano passado. “Uma coisa que a gente estava esperando há muito tempo, que era o ressurgimento do Sete de Abril, então eu me senti fazendo parte daquele momento, aquele recomeço. Aqui na praia, foi uma coisa incrível, uma noite abençoada”, diz Ramil. “Inclusive eu trouxe a cadeira onde eu almoço em casa pra tocar no palco, eu tava realmente em casa”, comenta.

Sobre a adaptação de suas músicas para um arranjo orquestral, Ramil diz que tem afinidade com esse tipo de formação. “Sempre que termina, todo mundo tá vibrando muito, os músicos se emocionam, e eu também. O tipo de música que eu faço tem a ver com essa formação de orquestra de câmara”, afirma.

A parceria com a Orquestra do Theatro São Pedro não é inédita. Em 2013, a orquestra, à época regida por Antônio Borges-Cunha, já havia participado do álbum duplo "Foi no mês que vem", em que Vitor Ramil revisita sua obra. No álbum, o grupo participa de cinco faixas. Em outras ocasiões, Vitor e a orquestra também haviam se apresentado juntos.

O arranjo da obra de Vitor Ramil para cordas foi feito por Vagner Cunha e Celso Loureiro Chaves, e o concerto de sábado teve versões inéditas de Joquim e Loucos de Cara, que encerraram o espetáculo.

O maestro Evandro Matté, condutor da orquestra e diretor artístico do festival, diz acreditar que não há diferença entre música de concerto e música popular. “A questão é como ela é feita, se é de qualidade ou não é de qualidade do ponto de vista da escrita, da melodia, da harmonia e do ritmo. Então quando você encontra um artista como o Vitor Ramil, com a qualidade do que ele faz, é muito simples juntar isso com a estrutura formal de uma orquestra”, explica Matté.

A música não para​
A programação do 11º Festival Internacional Sesc de Música começou no dia 16 de janeiro e vai até o dia 27. Os concertos acontecem diariamente, em diversos pontos da cidade. Confira os principais:

Domingo, 22

Orquestra Sinfônica Acadêmica, às 20h30, no Theatro Guarany
Autocine Brazilian Blend, às 21h, no Food Hall Quartier

Segunda, 23
Recital de Madeiras, Metais e Percussão, às 19h, na Bibliotheca Pública Pelotense
Gala Lírico com núcleo de alunos do festival, às 20h30, no Theatro Guarany

Terça, 24
Recital de Canto lírico, Cordas, Madeiras, Harpa e Piano, às 19h, na Bibliotheca Pública Pelotense
Orquestra Jovem Sesc Brasil e Núcleo de Sopros e Percussão, 20h30, no Theatro Guarany

Quarta, 25
Recital de Madeiras e Metais, às 19h, na Bibliotheca Pública Pelotense
Avendano Júnior: a tradição do choro em Pelotas, às 20h30, no Theatro Guarany

Quinta, 26
Orquestra de Choro do Festival, às 19h, no Teatro Sicredi
Banda Sinfônica Acadêmica, às 20h30, no Theatro Guarany

Sexta, 27
Orquestra Sinfônica Acadêmica, às 20h30, no Largo do Mercado Público

Para os espetáculos no Theatro Guarany e no Teatro Sicredi é necessário a retirada de ingressos antecipadamente. Para os dias 22 e 23, o período de retirada já se esgotou, mas haverá ingressos disponíveis 1h30 antes da abertura. Para os dias seguintes, é possível retirar os ingressos na bilheteria do teatro, das 9h às 12h e das 13h30 às 18h30 somente até a terça-feira (24). Também haverá ingressos disponíveis 1h30 antes de cada espetáculo.

A programação completa está disponível no site do festival.​